Emanoele L.

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Luciana, li seu artigo sobre “Demitir… A pior tarefa de um gestor.” e confesso que me identifiquei com ele, em ambos os lados, pois era gestora e também funcionária, e ja fui demitida 3 vezes de 3 multinacionais. E isso hoje para o meu currículo tem se tornado um problema, pois a maioria das empresas, avalia somente a “demissão” e não avalia realmente todos os motivos que levaram até esta. Não sou muito adepta a escrever, porém gosto muito de ler e quando li seu artigo, eu, que trabalho com a área de controle e garantia da qualidade em industrias, sempre tive que viver entre situações em que deveria mostrar o correto, porém não podia ir além, visto que meu emprego estava em questão, isso sempre me causou muito incômodo, porque mesmo querendo fazer o que era certo eu deveria ir somente até os meus limites. Bem, o que quero lhe colocar é que como no texto onde indica que os gestores devem nivelar todos os seus funcionários, concordo exatamente, muito além, devem inclusive fazer que todos entendam o papel de cada funcionário dentro da organização, pois só assim os outros quando em algum momento enxergarem que o colega não está no rumo, devem ter também o senso de colocá-lo na estrada para o bem comum. Nesta última empresa que estive, meu senso crítico com a qualidade aumentou significativamente, talvez pela idade, talvez pela terapia de realmente fazer o que é certo e avaliar se realmente a empresa era boa no que fazia (deveria ter avaliado antes de entrar); mas o que ocorreu ao fim das contas, é que havia feedback do gerente para comigo e meu para ele onde este me cobrava que eu fosse “menos” perfeccionista, “menos” preocupada, pois o grupo estava fazendo o que deveria fazer; e eu pedia ajuda a ele pois a equipe não fazia, por mais que eu tenha mudado minhas técnicas de treinamento, abordagem, conversação, a equipe não “estava incomodada, não faziam auditorias, não faziam suas entregas que eram suas obrigações. Quando eu já havia esgotado todas as minhas técnicas e tentativas com a equipe, fui até o gerente, que me falava, relaxa. Nesse relaxa, eu cansei, cansei pq vi que somente eu me importava em que o produto não saísse contaminado, em que o animal que fosse comer não fosse acometido por bactéria, então relaxei. Quando passou a auditoria e o gerente viu os resultados me chamou e pediu o que havia acontecido, juro que quase não acreditei na pergunta, e só respondi… – Eu avisei. Estava para sair de férias, e noutro dia me chamou para uma conversa, para me pedir o que nós deveríamos fazer, indiquei plano de ação e fomos resolver. Quando retornei de férias, tive a avaliação de desempenho semestral, onde o assunto principal foi sobre a auditoria e os resultados desta. Ele não avaliou a minha função pela atividade no total, que ela depende de todos, e que ela, principalmente depende do apoio dele, avaliou tão somente por um item. Concordei em partes e também fiz o meu feedback. Ao final me falou que me “daria” mais atenção, ajuda, apoio e tempo para trabalho… Três meses se seguiram, todo o sistema de treinamento, de documentação, de auditorias foi reformulado com o auxílio dos responsáveis de área, e quando estava para o start, veio a demissão… Na demissão, o motivo que me indicou foi o seguinte: O seu perfil não se encaixa na nossa nova proposta de trabalho, mas se vc quiser saber os outros motivos… Não deixei ele terminar a frase, falei que não precisava, assinei a demissão e sai da sala, pq nada do que dissesse naquele momento eu levaria em conta. Eu errei em muitas coisas sim, e tenho plena consciência de cada erro e o que não mais fazer ou como não mais chegar a tais erros, mas não queria ouvir de uma pessoa que pra mim já havia perdido toda a credibilidade como profissional. Confesso que fiquei triste sim, decepcionada pela atitude do meu gerente, uma pessoa que deveria nivelar a sua equipe, e não fez…. E agora, aqui estou eu, com mais uma demissão no meu currículo que a cada entrevista tenho que explicar. Seria tão mais fácil se as empresas avaliassem bem os profissionais em seus cargos de liderança e desenvolvessem neles as caraterísticas necessárias para cada nível (media, e alta gerencia), pq de uma coisa nesses meus poucos 13 anos de experiência eu aprendi, que perfil a gente não muda (nasce e morre com ele), mas aprende a moldar. Se as empresas investissem mais em olhar para os seus funcionários, tenho certeza que eu não teria sido demitida nem da primeira. Obrigada pelo texto anterior e desculpe-me se este foi extenso, mas de alguma forma me identifiquei com as suas palavras. Emanoele