Karma, Dharma

Há algumas semanas, ouvi que ia ter que encarar o Karma de ter feito o que fiz.

Confesso que naquele momento, quase assumi uma culpa que não era minha.

Com a sequência de vários revezes nas últimas semanas, coincidentemente depois de eu ter aberto o verbo para tirar o peso de dentro de mim, resolvi meditar e agir sobre culpa e responsabilidade.

Eu sempre assumi as responsabilidades de minhas escolhas. Sempre me virei sozinha a maior parte do tempo e sempre fui muito transparente sobre minha vida. Nunca mantive redes sociais fechadas e a maior prova é que compartilho vitórias e derrotas na mesma proporção, sem vergonha de meus erros, fazendo com que eles inspirem e sirvam de incentivo e apoio para outras pessoas que passam por situações similares num blog.

Somos seres errantes que aprendemos muito mais pelas frustrações do que pelas alegrias.

Eu assumo e dou cabo de todas as dificuldades que me coloco ou me põem. Não me vitimizo e nem tampouco coloco em outrem a responsabilidade que só eu tenho. A responsabilidade!

Creditar em mim a culpa é ser covarde.

Eu devolvo a culpa a quem me atribui! Certamente, as consequências dos meus atos, eu assumo. Tanto que sempre disse que, se chegasse a mim, não ia mentir.

Mas vamos lá, eu estava livre e sem pendências para pesar, sem compromisso ou promessas de lealdade. Então, como assumir uma culpa que não me pertence?

A única coisa que pesa é a minha consciência, mas isso eu esvaziei. Convivo com essa dialética há exatos 21 meses…

Se minha vida é um Karma constante, eu os transformo em Dharmas sempre. Não será diferente agora!

Dharma, ou darma, é uma palavra em sânscrito que significa aquilo que mantém elevado. Também é entendido como a missão de vida, o que a pessoa veio para fazer no mundo.

O Dharma pode ser entendido como a lei cósmica que governa a natureza e a vida. Se o indivíduo vive no presente e em harmonia com a lei natural, sem apego aos frutos de suas ações, ele pode gradualmente se libertar do Saṃsāra, o ciclo de nascimentos e mortes.

Por isso, aviso aos navegantes: até sou bem tolerante às energias pesadas jogadas à mim, porém não mexe com os meus…

Já corri meu chão, minha gira, meus paduas, meus protetores espirituais armados e prontos… agora é espelho! O mal que tu me quiseres, receberás em dobro. Tudo rebatido tal qual a lei da física: toda ação gera uma reação de igual força e sentido contrário.

A culpa não é minha, não vou assumir esse peso para mim, pelo contrário, eu coloquei isso para fora de mim e hoje sei o porquê: na tentativa desesperada de não mais precisar lidar com a dor que sinto quando me sacio com menos (muito menos) do que mereço e também de não mais ceder fisicamente. A esperança era de não mais ver, imaginei que a raiva fosse fazer não mais me procurar. Outro plano perfeito que deu errado.

Meu dharma é de não me punir com as ações que não me orgulho de ter, mas que não tomo para mim a culpabilidade e sim a ação transmutatória de não me apegar a isso. Aprender, assumir o erro e transmutar para nunca mais repetir. “Interromper o ciclo de nascimento e morte”!

O bom de não ter resistido aos últimos encontros pós essa tempestade toda é que, com a ferida aberta, enxergamos situações que talvez não tenhamos visto na versão que inventamos de alguém que nunca sequer existiu.

Acho que os três finais semanas deste último mês no Rio me mostraram muito mais que eu imaginava. A conexão é inegavelmente forte. Mas nunca vai passar de uma casualidade, já que não me traz nada de positivo ou benéfico.

Ele disse que eu o perdi para mim mesma… será????

Eu ganhei a chance de viver outra história com alguém que me respeite e que me admire. Principalmente porque, ao contrário de antes, agora posso e quero ter alguém dentro da minha casa. Estou finalmente pronta para assumir e ser assumida por alguém.

Ano novo vem aí e é o momento certo de resetar tudo e deixar para trás tudo o que não me faz bem…

Um ciclo se encerra para abrir caminho para um outro muito melhor. Meu Dharma! ❤️